Anuncie aqui

Anuncie aqui

Anuncie Aqui-2

sábado, 26 de março de 2016

PMDB se reúne para decidir se continua no governo ou se passa à oposição

A presidente Dilma Rousseff enfrenta nesta terça-feira a reunião do Diretório Nacional do PMDB, em Brasília, com apenas 6 das 27 unidades da Federação favoráveis à permanência do partido no seu governo. Levantamento do Correio aponta que lideranças de 14 diretórios estaduais estão decididas a votar pelo fim do casamento entre PMDB e PT e a entregar cargos ocupados por correligionários e apadrinhados. O restante está dividido. O número de votos varia por estado, mas entre aqueles que devem optar pela debandada estão os com maior número de votantes, como Rio de Janeiro, que tem 12, e Minas Gerais, com 10.

Ao todo, serão 119 votantes e 155 votos. Essa diferença existe porque alguns membros da executiva nacional têm direito a mais de um voto por ocuparem cargos de liderança e presidência do partido ou de diretório, por exemplo. Na Bahia, o ex-ministro da Integração Nacional do governo Lula Geddel Vieira Lima acumula três votos por ser presidente de diretório, ex-líder da bancada na Câmara e delegado do partido. Ele defende a saída do governo.

O estranhamento velado entre a direção nacional do PMDB e o Palácio do Planalto aumentou na última semana com a demissão do presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Antônio Henrique Pires — ligado ao grupo do vice-presidente Michel Temer. Ambos só ficaram sabendo da exoneração pelo Diário Oficial da União. Na quinta-feira, o diretório do PMDB do Rio de Janeiro anunciou que votará em peso pelo desembarque do governo. Dos 12 votantes, somente dois devem se posicionar a favor de Dilma: o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes — que enviará um suplente à reunião.

Um dirigente peemedebista ouvido pelo Correio avalia que não se pode subestimar o esforço de ministros e outros correligionários para tentar manter o partido no governo, mas a decisão do Rio deve reforçar a saída e pode ter efeito cascata. “Isso mostrará aos outros diretórios a certeza de que o desembarque vai ser expressivo. Não há a menor chance de reverter (a tendência)”.

Temer, que estava de viagem marcada para Portugal onde participaria como conferencista de um seminário luso-brasileiro de Direito Constitucional, em Lisboa, decidiu cancelar a ida e ficar em Brasília, já na segunda-feira. Apesar de presidente nacional do partido, ele não participará da reunião, mas permanecerá no país na costura de uma unidade partidária. Nos bastidores, o desembarque do PMDB do governo é tido como certo. Para evitar uma ruptura interna na legenda, o partido deve optar por dar aos correligionários condições para deixarem o governo.

O PMDB tem hoje sete ministros no governo Dilma: Marcelo Castro, no Ministério da Saúde; Celso Pansera, no de Ciência, Tecnologia e Inovação; Eduardo Braga, no de Minas e Energia; Henrique Eduardo Alves, no Turismo; Kátia Abreu, no da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Hélder Barbalho, na Secretaria de Portos da Presidência da República; e Mauro Lopes, na Secretaria de Aviação Civil. Todos eles defendem a permanência, mas Kátia e Castro são os que mais têm se mostrado resistentes em entregar seus cargos em prol da maioria.

Na avaliação de peemedebistas, quando o governo exonera alguém como o fez com Pires, dá um sinal de que não mais acredita na permanência do partido. Antes da demissão na Funasa, outro sinal ou equívoco do Planalto que não contribuiu para apartar o desembarque foi a recente nomeação de Mauro Lopes à Secretaria de Aviação Civil.

Decisão conjunta

Nesta segunda-feira, os ministros peemedebistas devem se reunir em busca de um consenso: se entregam seus cargos, como sinaliza a cúpula do partido, ou se se descolam da provável maioria para manterem-se no poder. Certo é, garante o ministro da Saúde, que o grupo deverá reagir conjuntamente. No Piauí durante o fim de semana, seu estado natal, Marcelo Castro descartou um encontro com o vice-presidente da República para debater ou simplesmente articular o assunto.

Disposto a botar panos quentes no mal-estar causado pela exoneração do presidente da Funasa, Castro a definiu como “meramente técnica”. Defensor da permanência do PMDB no governo e contrário ao processo de impeachment contra a presidente Dilma, ele ainda acredita na reversão das estatísticas que hoje afastam o seu partido do Palácio do Planalto. “Quem é contra o governo aproveita-se dessas situações (como a demissão de Antonio Henrique Pires) para fazer barulho”, diz o ministro.

(Correio Braziliense)


Nenhum comentário:

Postar um comentário