O governo reconhece que o momento é difícil, mas resolveu não jogar a toalha e lutar, até o último momento, para reverter votos desfavoráveis no processo de votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A presidente fará um pronunciamento à nação na noite de domingo, independentemente do resultado da votação. Até lá, o caminho é longo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue enfurnado em um hotel de Brasília tentando passar a imagem de fiador do governo Dilma. Ela confirmou a presença em um ato no sábado, no acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), em frente ao ginásio Nilson Nelson.
Em entrevista coletiva concedida ontem, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, tentou demonstrar otimismo. “Não podemos nos transformar em uma republiqueta a partir de um golpe de Estado conduzida por um vice-presidente conspirador (Michel Temer), um presidente da Câmara que é réu de vários crimes (Eduardo Cunha) e por um grupo político que, após ser derrotado quatro vezes seguidas, tenta chegar ao poder sem a legitimidade do voto popular,” atacou Falcão, se referindo ao PSDB.
O presidente do PT levantou a suposição de que pode estar em curso um acordo para interromper as investigações em curso de casos de corrupção no âmbito da Operação Lava-Jato. “No áudio vazado com as palavras do vice-presidente, por três vezes foi dita a necessidade de se impôr sacrifícios à população. Em nenhum momento a palavra corrupção foi mencionada”. Falcão fez questão de destacar que a presidente Dilma é uma mulher íntegra, honesta e que não cometeu qualquer tipo de crime de responsabilidade, e destacou que “impopularidade não é razão para impeachment”.
Ele admitiu que a presidente Dilma está disposta a conversar com todos os segmentos da sociedade e, se necessário, com os partidos da oposição para elaboração do programa de crescimento econômico e distribuição de renda e geração de emprego para que o país possa sair da crise na qual se encontra atualmente. Questionado sobre o diálogo apenas em caso de vitória e não em caso de derrota, Falcão afirmou que o PT “não vai legitimar qualquer governo que não tenha nascido a partir do voto popular.”
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