Desde a posse do presidente interino, Michel Temer, com a proposta de equilibrar as contas públicas — dando ênfase à necessidade de reforma da Previdência — a corrida aos postos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) cresceu. Inseguros sobre a mudança de regras, os trabalhadores vão em busca de informações. Quem pode adianta o pedido de aposentadoria.
O contador Pedro Feijó, 59 anos, por exemplo, esteve em uma unidade da Previdência para agilizar a aposentadoria da mulher, que tem 56 anos e já contribuiu por 30. “Vim me informar sobre a aposentadoria dela, antes que implantem a idade mínima. Minha esposa está muito preocupada, não quer ter que pagar por mais 10 anos para ter direito ao benefício”, conta.
Pela regra em vigor — 85/95 —, aprovada pelo Congresso, a mulher de Feijó já pode dar entrada na aposentadoria, pois tem 30 anos de contribuição e, na soma com a idade, possui 86 pontos. Assim como ela, que é costureira e, segundo o marido, já apresenta problemas de saúde e não consegue mais ficar “horas a fio em frente à máquina de costura”, muitos brasileiros enquadrados nessa regra se apressam para garantir o benefício.
Mercês Ferreira, 59, é contadora e, diante da possibilidade de a reforma da Previdência estipular idade mínima de 65 anos para homens e mulheres, se adiantou para pedir aposentadoria. Ela tem 40 anos de contribuição, mas sempre adiou a ida a um posto do INSS. “Estava sem tempo, mas agora, com a mudança à vista, resolvi correr. Tenho medo de que mudem os critérios e eu tenha que trabalhar mais seis anos por algo a que já tenho direito”, admite.
Nos escritórios especializados, a procura também aumentou. O advogado especialista em Previdência Eduardo Koetz admite que precisou reforçar o atendimento. “As pessoas nos procuram para que façamos os cálculos de quanto vão receber se entrarem com o processo imediatamente”. Ele ressalta que as pessoas não precisam se aposentar, já que qualquer modificação nas regras virá acompanhada de uma regra de transição. (Correio Braziliense)
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