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segunda-feira, 2 de maio de 2016

Começa a contagem regressiva para o afastamento de Dilma da presidência

A votação na Comissão de Impeachment do Senado, que vai analisar o afastamento da presidente Dilma Rousseff da Presidência da República, está prevista para o próximo dia 11. A petista prepara um terreno minado para o vice Michel Temer, que assumirá a Presidência interinamente, com uma agenda voltada para manter a economia sob controle, garantir a governabilidade e isolar o PT e seus aliados. Na terça-feira, Temer almoçará com os governadores do PSDB e o presidente da legenda, senador Aécio Neves, para garantir a presença do senador José Serra (SP) na equipe de governo e, provavelmente, oferecer mais um ministério importante para a legenda.

Enquanto Temer é o centro das articulações políticas do país, com a agenda do Palácio do Jaburu lotada de audiências e reuniões com políticos e empresários, Dilma já amarga a solidão do poder. Ontem, a presidente da República foi ao 1º de Maio da CUT, no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo. O ato não contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio lula da Silva, que seria a grande estrela do evento. Ao final da tarde, o cerimonial do Palácio do Planalto ainda não sabia a agenda da presidente da República para esta semana, na qual ela pretende anunciar mais um “pacote de bondades” para agradar a opinião pública e desestabilizar o futuro governo interino.

Essas medidas se somarão à prorrogação do Programa Mais Médicos, à liberação de R$ 100 milhões para gastos com publicidade da Presidência e outros R$ 80 milhões para infraestrutura das Olimpíadas no Rio. O governo também promete liberar todo o orçamento da Polícia Federal previsto para o restante do ano, o equivalente a R$ 160 milhões. Essas ações foram anunciadas em solenidades chapas-brancas cujos participantes são escolhidos a dedo, para aplaudir Dilma e fazer claque contra o “golpe”.

Blindagem

No momento, as principais preocupação de Temer são montar a equipe econômica e garantir apoio político para o governo. Ontem, se reuniu com ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, em São Paulo, para concluir a montagem da equipe econômica e blindar a política fiscal, com objetivo de manter a inflação sob controle, combater a recessão e o desemprego, além de restabelecer a confiança do mercado. Não será uma tarefa fácil, porque o ministro da Fazenda, Nélson Barbosa, é coadjuvante da irresponsabilidade fiscal do governo Dilma.

Temer já reúne apoio suficiente para garantir uma base confortável na Câmara. Seus dois maiores problemas são garantir a participação do PSDB no governo, sem deixar que seja contaminado pela luta interna entre os caciques da legenda — Aécio, Serra e o governador paulista Geraldo Alckmin — e enfrentar o problema do Senado, cujo presidente, senador Renan Calheiros (AL), ainda não desembarcou da base do governo. Temer precisará do apoio de Renan para aprovação definitiva do impeachment e para a cassação do mandato de Dilma Rousseff.

(Correio Braziliense)

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