Apesar de reticente, tanto que não houve nota oficial confirmando a indicação, apenas uma comunicação à mesa diretora da Câmara, o presidente em exercício, Michel Temer, confirmou ontem que o deputado André Moura (PSC-SE) é o líder do governo na Casa. O parlamentar responde por improbidade admnistrativa, é mencionado na Lava-Jato e é acusado até de tentativa de homicídio. Ligado diretamente ao presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Moura passa a ser o terceiro nome ligado a Cunha a ocupar um cargo importante na Esplanada. Os dois anteriores foram o subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha, e o chefe de gabinete da Secretaria de governo, Carlos Henrique Sobral.
Os dois últimos, segundo interlocutores do presidente Temer, podem ter sido profissionais que trabalharam com Cunha, mas não foram indicados por ele. Carlos Henrique conhece o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, há mais de 20 anos. Foi Geddel quem o teria indicado a Cunha e, neste caso, estaria apenas trazendo de volta para o Ministério alguém de confiança.
Já o caso de André Moura gera constrangimentos. Ele foi convidado por Temer para o cargo no fim da noite de terça-feira — “por volta das 21h30, 22h”, segundo o próprio novo líder do governo — poucas horas depois de o presidente ter sido informado que o deputado sergipano, que comanda uma bancada com apenas nove parlamentares, tinha o apoio de quase 300 deputados. “Na verdade, são 304, com o apoio que recebi hoje (ontem) do PV”, disse ele.
Interlocutores de Temer admitem a necessidade de votos na Câmara para aprovar as medidas do ajuste fiscal. E jogam na responsabilidade dos líderes que indicaram Moura a tarefa de blindar o Planalto pelo desgaste de indicar um deputado tão enrolado para liderar a bancada governista na Casa. André Moura garante que não foi nomeado líder por sua proximidade com Eduardo Cunha.
“Claro que não. Estou nesta casa há seis anos, dos quais cinco exercendo a liderança do meu partido. Tenho muito trânsito entre meus colegas e essa facilidade no diálogo e no relacionamento se aprofundou durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff”, alegou ele, assegurando, também, que ainda não conversou com seu padrinho político após a nomeação para o cargo. (Correio Braziliense)
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