Marcio Jerry, Márcio Honaiser, Neto Evangelista e Clayton Noleto |
Começa a ganhar corpo uma guerra política em que estão de um lado deputados estaduais e federais que dão início aos movimentos para garantir a reeleição, e, de outro, membros do Governo estadual que sabidamente se movimentam para viabilizar suas candidaturas, umas para a Assembleia Legislativa, outras para a Câmara Federal nas eleições de 2018. É uma guerra antiga, nascida em governos ancestrais e que se repete com os mesmos ingredientes a cada quatro anos e é deflagrada exatamente no terceiro ano dos mandatos em curso.
Na semana passada, o deputado estadual Stênio Rezende (DEM), um veterano desses combates, levantou a bandeira em discurso enfático na tribuna da Assembleia Legislativa, no qual fez uma dura reclamação à atuação do secretário de Estado da Agricultura, Márcio Honaiser, que segundo ele estaria usando a máquina do Governo para viabilizar sua candidatura à Câmara Federal na região de Balsas, citando ainda outros casos. “Eles estão oferecendo de tudo, e isso nos não podemos aceitar”, disse o deputado, que recebeu aval de vários colegas.
Mesmo sabendo que não existe Governo sem ter no secretariado um ou uns integrantes que visam disputar mandato eletivo e que, via de regra, atuam com as bênçãos do governador, os detentores de mandato não se conformam com a “regra” e batem forte para conseguir, pelo menos, uma atuação mais discreta dos secretários-candidatos. No Governo Flávio Dino (PCdoB), são vários os membros do 1º escalão que estão na corrida às urnas, e todos parecem atuar com o aval discreto do gabinete principal do Palácio dos Leões. Pelo menos até aqui estão ou estariam no páreo os secretários Márcio Jerry (Articulação Política e Comunicação), Márcio Honaiser (Agricultura), Neto Evangelista (Desenvolvimento Social) e Clayton Noleto (Infraestrutura). Fala-se também, mas com menos intensidade, de Márcio Jardim (Esportes).
Considerado o mais influente e atuante auxiliar do governador Flávio Dino, o jornalista Márcio Jerry, que também preside o PCdoB no Maranhão e atua como porta-voz político do chefe do Executivo é, de longe, o pré-candidato a deputado federal mais citado em rodas as rodas de conversa política, principalmente nas que reúnem insatisfeitos. Ele é acusado de usar o poder de influência que tem no Governo para aliciar prefeitos e vereadores e de atropelar até aliados para disseminar o seu projeto político e eleitoral, que todos associam diretamente ao do governador Flávio Dino. Traquejado no jogo político e ciente dos riscos guardados nas entranhas do poder, experiência que acumulou ao longo de anos e anos de embates nos bastidores da esquerda maranhense, Márcio Jerry parece medir com precisão o efeito de cada reclame envolvendo-o no jogo pré-eleitoral, parecendo enxergar em cada grita um estímulo a mais para seguir em frente. Tanto que quebrou o silêncio sobre o assunto e já avisou que é, sim, pré-candidato a deputado federal.
Outro secretário apontado como pré-candidato a deputado federal tem sido também durante criticado por vozes que se sentem incomodadas com a sua atuação, é Márcio Honaiser, titular da Agricultura, tido nos bastidores como um dos auxiliares mais eficientes do atual Governo. Militante político da região polarizada por Balsas e filiado ao PDT, Honaiser tem forte ligação com o agronegócio, tendo tentado outras experiências nas urnas, tendo assim se tornado ponta-de-lança do candidato Flávio Dino na região, e por seu desempenho embarcou no Governo como titular da Agricultura. É candidato a deputado federal e integra o núcleo básico de apoio à candidatura do deputado federal Weverto Rocha (PDT) ao Senado.
O terceiro nome mais citado nas rodas políticas é o do secretário de Infraestrutura Clayton Noleto. Militante do PCdoB e um dos auxiliares de proa do governador Flavio Dino, Noleto entrou na ciranda pré-eleitoral quando ensaiou um movimento para ser o candidato do Governo à Prefeitura de Imperatriz, sua base política. Chegou a ganhar algum fôlego, mas acabou atropelado pelo jogo duro com que o PDT entrou na disputa bancando a candidatura da enfermeira Rosângela Curado. É apontado como um dos principais nomes da lista do PCdoB para a Câmara Federal, mas com um detalhe: ele próprio até agora fez qualquer declaração confirmando o projeto eleitoral.
Outros nomes citados para a Câmara Federal são Neto Evangelista (PSDB), que é deputado estadual licenciado e secretário de Desenvolvimento Social, e o secretário de Esportes, Márcio Jardim, que representa a ala rebelde do PT que não se dobrou à aliança com o PMDB. O tucano Neto Evangelista estaria ainda avaliando o próximo passo, exatamente por se encontrar numa situação delicada: é parte da base do governador Flávio Dino, mas encontra-se entre a cruz e a espada devido a movimentação política da sogra, a ex-prefeita Maura Jorge (Lago da Pedra), que parece determinada a ocupar um espaço expressivo nas próximas eleições, podendo disputar Governo, Senado, Câmara Federal ou Assembleia Legislativa. Neto Evangelista precisa dessa definição para montar seu projeto.
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