Pesquisas informais mostram que é difícil definir a escolha de quem optou por candidatos que não passaram para o segundo turno. Apoios partidários nem sempre garantem transferência de eleitores
Os candidatos à Presidência da República que não foram para o segundo turno deixaram uma herança de quase 30 milhões de votos para Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). A quantidade será amealhada em 28 de outubro, quando o próximo ocupante do Planalto será finalmente definido. Brancos e nulos, que somam mais de 10 milhões de pessoas, continuam à mesa e podem mudar o jogo. Segundo especialistas, podem ser o trunfo do capitão do Exército. Dificultando a medição da balança, pesquisas apontam que os petistas devem ganhar a preferência de quem votou na esquerda no domingo passado.O espólio de Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), João Amoêdo (Novo), Cabo Daciolo (Patriota) Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB), Álvaro Dias (Podemos), Guilherme Boulos (PSol), Vera Lúcia (PSTU), Eymael e João Goulart Filho (PPL) representa a vontade de 29,9 milhões de brasileiros que terão que mudar de candidato no segundo turno. Pesquisas do Datafolha divulgada ontem mostra que 30% dos eleitores tucanos preferem o professor e 42% são a favor do capitão.
Eleitores de Ciro Gomes também tendem a migrar para o PT, especialmente após o ex-governador do Ceará dizer que jamais faria alianças com Bolsonaro. “Ele não. Ele, jamais!”, afirmou o pedetista logo após o resultado das urnas. Embora as alianças partidárias sinalizem apoio, não significa, necessariamente, que os eleitores vão acompanhar a decisão dos caciques. É o caso de João Amoêdo, cuja legenda declarou neutralidade, mas é contrária ao PT. Levantamento do Datafolha apontam que o ex-candidato deixará 19% dos seus votos para Bolsonaro. Haddad fica com 58%.
“Temos essas duas vertentes: o cara que vai dar o voto a quem partido pedir ou o cara que vai seguir seus ideais em busca de um país melhor”, explica Francisco Lucena, professor de Ciência Política da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Pesquisas apontavam uma vantagem do PT na divisão da herança dos candidatos. Seis dos 11 ex-postulantes ao Planalto têm eleitores que preferem os petistas. O cientista político explica que a força de Bolsonaro entre nulos, brancos e abstêmios ainda está em análise. “O grande trunfo do deputado é usar os movimentos antipetistas como argumento para convencer as pessoas a saírem de casa para votar nele.”
Os índices de Bolsonaro chegaram a 58% segundo pesquisa DataFolha divulgada ontem, mostrando uma vantagem de 16% sobre Haddad. Desta maneira, o professor e ex-ministro da Educação terá que ganhar mais de 27 milhões de votos para garantir a eleição. “Enquanto o Haddad tem que praticamente dobrar o eleitorado, Bolsonaro precisa se manter e juntar um pouco mais de gente. Se afinar o discurso e evitar as confusões país afora, terá apenas que se manter”, afirmou o analista do Instituto Brasileiro de Pesquisa de Dados (IBPAD), Rafael Mendonça.
Os locais que mais acumulam votos dos candidatos que saíram da disputa são Nordeste, Sul e Centro-Oeste. As três regiões distribuíram 19 milhões de votos aos 11 ex-presidenciáveis. Para Bolsonaro, será mais difícil convencer os nordestinos. Para Haddad, o problema são os estados do Sudeste. Concentram 47% dos votos em disputa (que não foram para Bolsonaro ou Haddad no último domingo). Em números absolutos, são 17 milhões de eleitores. As informações são do Correio Braziliense.
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